segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Índios (Legião Urbana)


Quem me dera, ao menos uma vez,
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer

Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês -
É só maldade então, deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do inicio ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O mal estar da civilização


Muitos de nós vivemos com a frágil ilusão de que o mundo gira ao nosso redor. O individualismo proporcionado pelo capitalismo faz com que a sociedade cresça de forma egoísta.


A constante luta para obter "sempre mais" nos retrocede a simples existência de um animal, onde somos incapazes de enxergar o que realmente ocorre ao nosso redor.


A expectativa criada por tal sistema venda nossos olhos. Nos esquecemos que uma sociedade é composta por um CONJUNTO de indivíduos, e não UM em especial. Pensamos somente em nós mesmos. Egocentrismo é a características que mais se identifica com o que vivemos atualmente.



O egocentrismo nos faz incertos e inseguros. A insegurança e a incerteza nos remetem ao medo. O medo por sua vez, é o caminho mais fácil para o fracasso. Em uma sociedade que visa acima de tudo o lucro, a perda se torna o maior medo do homem.



A maior dificuldade do ser humano é lidar com a perda. Nos agarramos ao que ainda nos resta e tentamos nos manter de pé quando se faz necessário cair. Ficamos tão frustrados com a perda que só nos cabe a dor. Nos sentimos feridos e incapazes de levantar. Dessa forma, desistimos no primeiro tombo, pois a palavra "perda" não consta no dicionário capitalista.



A verdade é que hoje, a grande maioria da sociedade "sobrevive" ao mundo, quando somente uma pequena parcela sabe como "vive-lo". O único medo que nos deve caber, é o medo de ter medo. A perda, tão discriminada pela maioria, é de dificil aceitação para o ser humano, pois a principio só nos traz dor e sofrimento. Entretanto o homem é constituido de falhas, e a perda é necessária para que a vida nos faça crescer. A dor e o sofrimento nos tornam mais fortes e nos ensinam a ver na derrota, motivação para lutar.












sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Liberdade


Quando falo de liberdade, é a isso que estou me referindo: ao que nos diferencia de tudo o que se move de modo necessário e inevitável. É certo que não podemos fazer qualquer coisa que queiramos, mas também é certo que não somos obrigados a querer fazer uma única coisa.


Primeiro: Não somos livres para escolher o que nos acontece, mas livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo.


Segundo: Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade não é o mesmo que onipotência. Por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade.

domingo, 29 de agosto de 2010

Jornada de herói


Toda mudança importante é precedida por uma situação de crise.


As coisas que você valorizava já não o satisfazem, mas você hesita em se desfazer delas com medo de sentir falta um dia. Isso é natural, agora, você quer outras coisas da vida. Quer vencer na vida, ser importante, ser feliz. Seus anseios aumentaram, mas ao mesmo tempo as chances de conseguir um lugar ao sol são restritas, a competição é intensa e os desafios são imensos.


A travessia de um deserto, por sua vez, não é lá coisa muito simples. Há momentos repletos de dúvidas.


Essa situação lembra até certos filmes de aventura, como Matrix, Star Wars, O Senhor dos Anéis, nos quais o personagem principal vive uma rotina vazia até receber um chamado que o faz arrumar as malas e partir com uma importante missão a cumprir. Então, o protagonista é submetido a uma série de provações, que o mitólogo Joseph Campbell chama de jornada do herói.


No final, pra quem batalha o prêmio é sempre uma grande descoberta pessoal, com a elevação de sua vida para um patamar de maior satisfação e realização.


Se você está recebendo um chamado de sua consciência para ser tudo o que tem potencial de ser, a única solução é fazer as malas, como um Luke Skywalker de verdade, e embarcar na aventura da sua vida.



"Certo dia, com o rosto meio vermelho de vergonha, um amigo desabafou: Eu me sinto um perdedor porque tenho medo de ser um perdedor.


Sorri e disse: Esse é um bom começo. Você reconhecer o medo e abrir o coração para alguém é o primeiro passo para vencer."



Existem milhões de pessoas assim. Pessoas insatisfeitas, com medo de enfrentar seus fantasmas e resolver os dilemas da vida.


Toda mudança é um desafio. Toda mudança envolve alguma dor. Mas chega um ponto em determinadas situações no qual não mudar dói ainda mais. E a gente só decide mudar quando a dor de permanecer na situação em que está é maior do que o medo da transformação.


É preciso sentir-se mal o suficiente com a atual situação para ter coragem de avançar em busca de algo melhor. É preciso perceber os avisos de insatisfação da sua alma para escutar a voz da sua consciência dizendo: vamos lá! Agora é com você!


Um dia você interrompe uma briga com sua mãe porque percebe o quanto é infantil querer mudá-la em vez de cuidar da sua vida.


Um dia, nas conversas com seus amigos, você se sente ridículo por ficar criticando seu pai, como se ele fosse responsável por seus problemas na empresa, e resolve cuidar melhor da sua vida.


Quando o desconforto da sua situação aumenta, surge a coragem de dizer para si mesmo: é agora ou nunca!


Nesse momento, você decide fazer o que realmente tem de ser feito e então começa sua jornada de herói.


(O que fazer e quando fazer é uma escolha que só você pode tomar, mas tenha consigo a ciência de que nunca estará só)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando Nietzsche chorou


"Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos.

Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?"


_ Assim falou Zaratustra

terça-feira, 27 de julho de 2010

Desabafo


Sempre busco entender tudo ao meu redor, talvez seja essa uma das coisas mais preconceituosas que faço. Ao longo do texto tentarei esclarecer e explicar melhor minhas ideias. Não espero que você leitor me compreenda, muito menos que me dê razão. Isso é só um desabafo.

Vivemos em uma sociedade cega, onde grande parte dela caminha de olhos vendados. Pode parecer meio estranho um garoto de 16 (dezesseis) anos dizer tal coisa, entretanto se consigo enxergar, é porque parte de minha visão não está mais vendada.

Nascemos com os olhos fechados, muitas vezes alienados por nossos pais ("É a cara da mamãe...", "Tem os olhos do papai..."). Abrir os olhos só se torna possível depois que começamos a criticar e criar nossas próprias conclusões.

Não me lembro muito bem quando passei a construir minhas opiniões e deixei de escutar o que diziam os outros (principalmente a mídia)sobre determinado assunto. Acredito que foi a partir daí que comecei a buscar entender tudo o que acontecia.

Quanto mais buscava entender sobre os outros, mais se tornava difícil me entender. Conseguir compreender o que acontece ao seu redor pode ser fácil, o difícil e tentar entender seus sentimentos em relação a tudo isso. É aí que entra a outra parte de minha cegueira, a que eu busco superar.

"Quem realmente sou? O que realmente sinto? O que realmente vejo?"

É tudo muito complexo e incerto quando vamos mais além. Nada é como pensamos que é. Dizem que coração do outro é terra desconhecida, pois digo que conhecer seu coração pode ser mais difícil do que entender os outros.

Lidar com o que é de fora pode ser fácil, quero ver lidar com o que é de dentro. Entender quem realmente sou ou quem realmente quero ser, compreender verdadeiramente meus sentimentos e descobrir até onde consigo VER. Um outro eu que procuro DESvendar e que não é visível à todos, pois nem todos enxergam a realidade como ela realmente é.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Impecável Implexo



Ainda que meu ter
esteja perto do saber,
mesmo se tudo tivesse,
sei que nada teria.

Ver além de meus olhos...

Imaginar o impossível...
Romper a outorga de limites...
Discordar do indiscutível.


Sonhar em linhas tortas...
Considerar o mais alto silêncio...
Somente tudo não bastaria.


Independente do que hoje sei,
ou do que algum dia irei saber
"Só sei, que nada sei"





(Hiago Martins - 19 de junho de 2008)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gênesis


"De onde vem essa busca?
Essa necessidade de resolver os mistérios da vida, quando as mais simples das questões podem nunca ser respondias.
Por que estamos aqui? Quem somos? Por que sonhamos?
Talvez seja melhor nem procurarmos, não aprofundar, não ansiar.
Essa é a natureza humana, o coração humano. Talvez seja por isso que estamos aqui.
Mas ainda nos esforçamos pra fazer a diferença, mudar o mundo, sonhar com esperanças.
Nunca tendo a certeza de quem encontraremos pelo caminho.
Quem dentre os estranhos vai segurar nossa mão, tocar nossos corações, e compartilhar a dor de tentar?

Nós sonhamos com esperança. Nós sonhamos com mudança.
E então acontece. O sonho se torna realidade.
E a resposta para essa jornada, essa necessidade de resolver os mistérios da vida finalmente aparece. Como uma brilhante luz de uma nova aurora.
Tanto esforço por um significado, por um propósito. E no fim encontramos isso por toda parte. Nossa experiência compartilhada do fantástico.
A simples necessidade do ser humano de encontrar sua origem. E para saber dentro de nossos corações, que não estamos sozinhos."

terça-feira, 13 de julho de 2010

Existência

"Há muitas maneiras de encarar a nossa existência: como um trajeto, um naufrágio, um poço, uma montanha. Tantas visões quantos seres pensantes, cada um com sua disposição: cética, otimista, trágica ou indiferente.
Gosto de vê-la como um teatro, um cenário com muitas portas, que estavam ali ou que nós desenhamos. Algumas só se abrem, outras só se fecham; outras ainda se escancaram sobre um nada.
Quando abrimos uma delas - nossa múltipla escolha - é que se delineia a casa que chamamos nossa existência, e começam a surgir os aposentos onde vamos colocar nossa mobília, objetos, janelas, pessoas, um pátio que talvez leve a muitos caminhos.
Somos autores e personagens dessa cena complexa. Nos vestimos nos camarins, rimos ou choramos atrás das cortinas. Também vendemos entradas; às vezes vendemos a alma.
É de suma importância citar alguns mitos da nossa cultura, que, embora criados por nós, dificultam essa tarefa existencial."
(Gramado, O Bosque)